quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Hoje almocei no "Sujinho"

Armado de coragem e de um estômago que digere até borracha (herança de um avô carreteiro ou de uma avó índia, não sei…), hoje almocei em um boteco próximo ao escritório ao qual carinhosamente chamo de “sujinho”. Este nome nem é tanto pela falta de higiene, embora seja o tipo de lugar que é melhor comer de olhos fechados ou no máximo entreabertos. Como não poderia deixar de ser o proprietário é simpático e o pessoal que ali trabalha é sorridente. A comida é gostosa de um jeito meio caseiro, meio relaxado de ser…  Na verdade me divirto no “sujinho”. Há um ar de aventura (será que vou sobreviver a este prato?), um ar de vida dura (embora eu não possa reclamar), há um cheiro de povo (me desculpe General Fiqueiredo) que tem seu charme.
Não sou estranho a jornadas alimentícias que me levam onde nenhum outro homem (minimamente preocupado com saúde) ousou chegar.  Me lembro dos lanches de meia noite com salsicha crua, banana e queijo (para horror de um irmão mais culto e refinado). Me lembro também de uma experiência missionária entre índios da tribo Caiuá. Chegando a uma das moradias me foi oferecido uma bebida chamada chicha. Como todo aluno de 4ª série (ou será 3º ano do Primeiro Ciclo ou 5º ano do ensino Básico, ou…?) sabia que esta é uma bebida feita de milho mastigado e cuspido em um bacia onde fica fermentando (cuspe, lembra?) por alguns dias. Beber aquele “néctar” foi talvez uma das maiores provas de meu ardor missionário.
Minhas filhas tiveram uma experiência também desafiadora no período em que moramos na República Dominicana. Saindo com um grupo de jovens, elas aceitaram comer cerdo (porco) frito. Até pode soar comum demais, mas deixe-me terminar de colorir o quadro… Esta iguaria era preparada em barracas (tipo de feira) em uma calçada de Santiago. Além de ser feito ao ar livre, o óleo era trocado com regularidade religiosa ao final de cada década, adquirindo assim uma consistência de melado e uma cor de piche. Tudo isso, no entanto, era amenizado pela presença de inúmeras moscas ao redor. Segundo nossos amigos dominicanos, se as moscas aprovam deve ser comestível.
Se sobrevivi a tudo isso por que não comer no “sujinho”? E já que estava neste requintado estabelecimento da alta cozinha, escolhi logo um prato (no final era mais uma travessa) de peito de frango e batatas fritas (pelo menos era frango e não carne vermelha…). Da próxima vez que passar por Porto Alegre já esta convidado, almoçamos no “sujinho”. Mal pode esperar não é?

2 comentários:

  1. Hahaha, é, foi uma experiência e tanto... É sempre interessante experimentar coisas novas, né? Até hoje (ensinada por você e pela mae) eu como de tudo (com excecao, é claro, de salada de arroz, hehe). E eu aceito o convite de comer no "Sujinho"! Deixamos marcado pra volta entao, combinado?
    Beijao, pai! Saudades!

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  2. Dan Dan, obrigado por citar seu irmão, mas acho que em vez de culto e refinado, o correto seria chato e de estômago fraco.

    abs

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