quarta-feira, 18 de agosto de 2010

A Glória das Carroças

            Como primeiro post, gostaria de reproduzir um trecho de um texto meu de Março de 2010. Este é mais para experimentar e inaugurar. Espero em breve postas algo mais atualizado.

Porto Alegre é uma cidade metropolitana em todos os sentidos. Têm universidades, uma vida cultural muito interessante, opções de lazer (para os paulistanos: há vários shoppings e dizem que são muito bons...) e também os dilemas de qualquer metrópole brasileira. Quero começar, no entanto, falando de um elemento surpreendente em uma cidade tão desenvolvida. Logo ao começar a dirigir aqui percebi um trânsito veloz, mas até relativamente disciplinado (carros param para pedestres nas faixas! Reparem que estou dizendo param para os pedestres e não sobre eles...). No entanto logo em um dos primeiros dias eu vinha dirigindo por uma avenida na faixa da direita quando percebi vários carros passando para a outra faixa. Eu imaginei um acidente ou carro enguiçado, mas logo avistei o que estava impedindo o fluir da avenida: uma carroça puxada por cavalo magro e com “cara” de maltratado. A carroça estava cheia de papéis, caixas de papelão e todo tipo de lixo recolhido por seu condutor. Os carros todos davam a volta, sem buzinar e aparentemente sem se incomodar com a carroça. Eu fiz o mesmo imaginando que este seria um evento isolado. Nem bem andei duzentos metros e ali estava outra carroça em toda sua glória medieval! Estranhei e imaginei que havia cruzado com as duas únicas carroças de Porto Alegre... até que encontrei mais uma, e outra, e outra, e... bem já deu pra entender né?

Não tenho nada contra o convívio com carroças, apesar do fato de que sua velocidade atrapalha o trânsito assustadoramente. O que as torna mais encantadoras para mim é que seus condutores não só usam um meio de transporte antiquado, mas agem como se toda a cidade ainda estivesse no século XIX (período entre os anos 1801 e 1900, para aqueles que estudaram depois dos anos 80). Eles atravessam avenidas onde bem entendem, conduzem suas carroças na contra mão, param onde lhes for mais conveniente, com frequência desrespeitam sinaleiras (faróis, semáforos, aquelas luzinhas que deveriam controlar o trânsito...), em resumo tornam nosso trânsito muito mais “interessante”. Além disso, há animais muito mal tratados, pelo menos aos meus olhos de leigo. Descobri depois que Porto Alegre tem cerca de sete ou oito mil carroças de tração animal (falo daqueles de quatro patas). Esta característica já criou tanto problema que há uma lei que até 2017 as carroças serão proibidas. Não sei qual será o destino de todos os cavalos que subitamente perderão seu emprego. Talvez até lá surja uma bolsa-capim, ou seguro-cavalo, sei lá... Se não houver nada assim vou olhar com ainda mais desconfiança os churrasquinhos de rua.

Um abraço gaúcho a todos e passando por perto, fica o convite de vir tomar um chimarrão às margens do Guaíba!

Daniel Lima

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